terça-feira, 19 de julho de 2011

Um petiço brasileiro e o leão americano
Nada como ouvir histórias de turfistas notáveis. Como as do dublê de ator e proprietário de cavalos Lima Duarte. Noite destas, tive o privilégio de passar uma boa hora conversando com ele e seu fiel escudeiro, Kazuo. Entre um gole e outro de vinho de boa safra, Lima contou algumas histórias. Repasso uma delas, nas palavras do próprio:
“Fins da década de 70. Eu, Paulo Gracindo e alguns integrantes do elenco do seriado O Bem Amado viajamos para Nova York, onde seriam gravadas algumas cenas. Como todo bom turfista, não perdi tempo e a primeira coisa que fiz foi consultar páginas turfísticas de jornais locais para ver em que prados haveria corridas naqueles dias. Me chamou a atenção a inscrição de um cavalo brasileiro, cujo nome já não me lembro, que iria correr em Meadowsland, prado próximo de Nova York. Claro que eu não podia faltar ao meeting. O bicho era azarão, pessimamente cotado. Joguei uns poucos dólares e fui para as tribunas, certo de que tinha jogado dinheiro pela janela. Mas, lá pelo meio da reta, desponta o petiço com ação avassaladora e cruza o disco com boa vantagem sobre o segundo colocado, outro azarão. Meus gritos histéricos chamaram a atenção de todos, especialmente de dois seguranças com cara de poucos amigos. Minha histeria, no entanto, tinha bons motivos: a vitória me rendera 3 mil dólares.

Confirmado o resultado, fui para o guichê para cobrar o santo e inesperado dinheirinho. Só que o pagador me pagou apenas 2.600, alegando que o resto era a parte do imposto de renda. Argumentei ser brasileiro, portanto, não sujeito a esse tipo de cobrança, mas o homem não se deu por vencido. Derrotado, restou-me um último recurso: que ele fizesse constar no verso das pules que eu pagava sob protesto. De Nova York, fomos para Washington, onde o “prefeito Paraguaçu”, devidamente escoltado pelo “Zeca Diabo”, queria entregar ao presidente americano um coco cheio da melhor cachaça de Arapiraca.
Uns seis meses depois, recebo uma carta do consulado americano de São Paulo me convidando para uma entrevista. Pensei no pior: eles vão me cassar o visto, só pode ser isso. Mas o funcionário me passou um cheque de 400 dólares, explicando que o protesto tinha sido acolhido pelo “leão”deles. “Na verdade, estrangeiros em visita ao país não estão sujeitos a pagamentos desse tipo”, explicou o cara, meio envergonhado.
“País organizado é outra coisa, né não?”, arremata Lima Duarte, com gestual, voz e sotaque do Zeca Diabo.

2 comentários:

Aron Corrêa disse...

Senna,

Essas histórias são um dos ingredientes que fazem o turfe tão apaixonante. Sou fissurado por elas, tanto que perco meu tempo no Google a procura delas e quando encontro uma interessante, sempre publico no Turfemania. Vou colocar um link no blog direto para cá, os turfistas que lá frequentam não podem ficar sem conhecer esta passagem sensacional.

Abraço

TOP TURFE disse...

MUITO SHOW ESSA HISTORIA VERIDICA...RSSS.
SILVIO SENNA GOSTARIA DE INFORMA QUE O MEU NOVO BLOG E

www.topturfe.blogspot.com

SEJA BEM VINDO E PARABENS PELAS POSTAGENS.

ailton (ex chega disco)